terça-feira, 1 de julho de 2014

41. Estrangeiros e brasileiros se reuniram no Maracanã para pedir justiça

ABRAÇO NO MARACANÃ

"A ação mobilizou mais de mil pessoas que protestaram de forma pacífica através de orações, leitura da Bíblia e apresentações artísticas."
Por Ananda Ribeiro
O Rio de Janeiro está tomado por estrangeiros. Em qualquer lugar é possível ouvir gente falando em espanhol, inglês, francês, coreano e muitas outras línguas. Mas no fim da tarde deste sábado (21), todas essas vozes foram ouvidas ao mesmo tempo. Isso, por causa de uma iniciativa chamada "Abraço no Maracanã" realizada pela organização Jovens Com Uma Missão (JOCUM), em que cerca de mil e duzentas pessoas compareceram ao entorno do estádio para orar por questões sociais e ler a Bíblia.
Um dos organizadores do evento, David Barreto, é baiano e mora no Rio há 20 anos, trabalhando com JOCUM. A organização desenvolve projetos em comunidades como Parada de Lucas, Tuiuti e Borel, onde David vive com a família. O objetivo do Abraço foi orar pelo governo, igreja, nações, por justiça, contra a corrupção e contra o tráfico de pessoas, “entendendo que a igreja precisa estar atenta aos desafios do dia a dia da sociedade”, explicou Barreto. Depois das orações, o grupo fez a leitura completa da Bíblia em cerca de vinte minutos, com cada pessoa lendo uma parte. “A Palavra de Deus é como fonte de vida, alegria e inspiração para ver nações melhores”, opinou o organizador.
Entre os estrangeiros que participaram do movimento, estavam equipes da Austrália, Argentina, Canadá, Colômbia, Chile, Estados Unidos e outros, segurando faixas e bandeiras em diversas línguas. Segundo Barreto, um dos pontos positivos da ação foi “ver argentinos juntos com os brasileiros, orando pela nação”, brincou. Ele acredita que “aqueles que estavam ali puderam pensar em como serem mais proativos dentro da sociedade no dia a dia”.
Yuri Xirimbimbi é angolano e mora há cerca de um ano no Brasil. Para ele, “foi muito bom ver pessoas de vários lugares reunidas, orando por justiça, para que os princípios e valores do Reino de Deus sejam estabelecidos no Rio de Janeiro e em todo o Brasil”.  No período em que está em solo verde e amarelo, Xirimbimbi foi surpreendido com muitas coisas. “A imagem que eu tinha do Brasil era de um país super bem desenvolvido, culturalmente avançado. Eu não pensava que aqui poderia encontrar necessidades como lá em Angola. Lugares que precisam de uma boa infraestrutura. Vi que em todo lugar existem necessidades, alguns mais do que outros. O Brasil também precisa do Evangelho, de discipulado, precisa da Palavra de Deus, como qualquer outra nação”, observou.
Arte e conscientização no Maracanã
O Abraço no Maracanã foi uma ação da JOCUM organizada pelo Kickoff (ponta pé inicial), iniciativa que atua durante as Copas do Mundo. As equipes que se reuniram ao redor do estádio no sábado fazem parte desse movimento e têm desenvolvido outros trabalhos no Rio de Janeiro relacionados à desenvolvimento comunitário, artes, esportes, saúde e conscientização contra a exploração sexual e o tráfico de pessoas.
Uma dessas equipes veio de Piratininga-SP para apresentar o espetáculo “Ninguendade”, que fala sobre as raízes do povo brasileiro. Eles passaram alguns dias trabalhando no morro do Vidigal, onde tiveram contato com o grupo Nós Do Morro. O ator Rafael Pereira é de Timóteo, Minas Gerais, e faz parte da equipe. Para ele, participar da programação no Maracanã “foi uma maneira de expor assuntos como o tráfico humano para pessoas que não costumam ouvir sobre isso. A arte é muito rica e fala por si só. A arte que a gente levou fala sobre o povo brasileiro e é baseada em um dos livros de Darcy Ribeiro, que se chama justamente Povo Brasileiro. O espetáculo foi uma forma de apresentarmos um povo forte para as pessoas de diversas nações que estavam reunidas ali. Um jeito de mostrar que nossos valores culturais ainda são bem guardados no nosso espaço seguro, a nossa memória. A questão da valorização cultural também faz parte do Reino de Deus e agrada a Deus”, afirmou.
A colombiana Carol Martín, mora na Argentina e veio para o Brasil participar da escola de artes que resultou nesse espetáculo. A atriz contou como tem sido participar da iniciativa. “Durante o Abraço no Maracanã, oramos contra o tráfico de pessoas, uma realidade muito forte para mim. Eu que sou de fora, vejo como há tanta prostituição infantil e como o Brasil é um ponto de turismo sexual. Pessoas nos Estados Unidos, pessoas na Europa veem isso. É bom que a gente se interesse por essas coisas, que às vezes nem mesmo o governo fala, porque é uma realidade incômoda. Nossa ação foi uma forma de participar de algo grande, que interessa à comunidade e que as pessoas às vezes nem conhecem. Até mesmo os turistas, que acham que é normal. Ele vem aqui curtir, saem com menores de idade, e o fazem porque pensam que talvez seja normal nesta cultura”.
Carol não concorda com essa visão. “O Brasil tem mais que isso, não é só essa imagem de vender sexo, existe uma sociedade com valores, que se importa com pessoas que sofrem, com crianças que são abusadas, vendidas”. A atriz já havia visitado o Brasil em seu período de férias e disse que “as pessoas lá fora têm preconceito com culturas e pensam que as pessoas no Brasil estão sempre dançando samba, que todo mundo é feliz, que todo mundo fica quase nu nas ruas, têm uma imagem muito sensual. Mas não é assim, existem realidades completamente diferentes”.
O Kickoff Rio continuará realizando ações sociais e de intervenção urbana até algumas semanas após o fim da Copa do Mundo no Brasil. Mais informações sobre as ações do Kickoff Rio podem ser encontradas no website www.jocumkickoffrio.org.br ou na página do Facebook, “JOCUM Kickoff Rio”.

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